segunda-feira, 19 de março de 2012

Eu e Metal Gear (um caso de amor)


Sobre MGS 2, e o Raiden.
Como já disse, Metal Gear me trouxe de volta ao maravilhoso mundo dos games. Genial! Não havia jogado o primeiro jogo ate o fim, apenas li coisas sobre, e sobre a historia. Acho que foi a única vez que funcionou a meu favor esse lance de: fazerem uma continuação pra quem não jogou o primeiro jogo poder jogar sem problemas. 



     Acabei jogando realmente como Kojima planejou. Joguei o segundo jogo, tendo uma experiência similar a do Raiden. Eu era um novato, assim como ele. Fui desvendando a trama, me envolvendo, e me vendo lutando ao lado de Solid Snake, a lenda! Tanto eu quanto ele só conheciamos o Snake realmente pelas histórias. Eu pensava, como sou impotente perto dele, como ele é tão melhor que eu, e como quero ser como ele quando eu crescer. E essa admiração estava estampada no Raiden. Era uma das poucas características dele. Pois do ponto de vista narrativo o Raiden havia sido criado realmente para esse propósito: Para você entrar naquele personagem. Era um personagem raso e vazio. Sem personalidade. Foi criado e treinado pra ser soldado desde sempre. Sem lembranças do passado, não gostava do seu próprio passado. E toda essa ausência estava ali para ser preenchida por nós, o jogador. E além disso colocava sob uma nova perspectiva externa o herói Solid Snake. Próximo ao fim do jogo, quando o Ocelot começa a explicar que qualquer um, dada as devidas circunstâncias, poderia se tornar Solid Snake. Ele não está falando do Raiden, está falando de nós! milhões de pessoas jogando o mesmo jogo, Não sendo, desejando ser e se tornando Solid Snake, através de um avatar vazio, que é o Raiden. Nesse ponto avançado do jogo você já passa a se achar incrível! Já se imagina superando o lendário Solid Snake.  O jogo vai indo muito bem num crescente até o seu ápice. 


Em MGS1 havia um certo personagem tido como FODA por todos. O famoso Ninja-Cyborg de Metal Gear. Gray Fox, Frank Jaegger para os íntimos. Em determinado momento TODOS queriam jogar com ele, e quem jogou o VR Missions teve esse PRAZER. No MGS2 temos um ninja novamente, mas não nos confrontamos com ele. Snake é quem cuida do Ninja. E mais a frente quando encontramos com Snake, ele nos presenteia com a espada do Ninja! PRONTO! Agora EU sou melhor que o Snake. Porque agora EU sou O NINJA! Puta kill pariu! Naquela época eu achei e ainda acho, aquela jogabilidade pra espada, muito foda! O esquema de controlar o angulo dos ataques com o analógico (E não deixa de ser a mãe da mecânica de corte do MGRising) Me pergunto até hoje como não saíram jogos de samurai com tal esquema. Nossa como eu me diverti naqueles momentos finais sendo ninja! Eu desvio balas com a espada porra! Claro que EU sou tão foda quanto, ou quem sabe até melhor que o Snake! E puta merda que sequência foda, Lutar lado a lado com Solid Snake como o Ninja e se tornar uma lenda também.



Isso só pra citar um dos melhores momentos. Pouco antes disso também há um momento cômico clássico que me marcou pro resto da vida. A Coronelizada do Coronel quebrando a quarta parede! Eu estava jogando a mais de 5 horas o jogo pela primeira vez. Quarto fechado, luzes apagadas, todo o clima. Quando cheguei nessa parte e o coronel começou a me mandar desligar o video game, eu realmente achei que estivesse ficando maluco! Foi muito bizarro, foda e engraçado! puta merda. Eu obedeci! Desliguei. Estava jogando realmente a muito tempo. Claro, salvei e desliguei. Ah coronel... que personagem.



Enfim, a quebra da quarta parede, a comédia, a profundidade dos diálogos finais, não era mais Raiden que estava ali, era eu. O jogo estava falando comigo, moldando meu caráter, me ensinando lições de vida que, querendo ou não, trago comigo até hoje. Toda a genial construção da ironia narrativa da trama faz MGS2 ser, pra mim, o melhor metal gear até hoje. Eu não vou mergulhar numa análise profunda disso aqui. Não é pra qualquer um, quem entendeu MGS2, entendeu. Parabéns! Quem não, só lamento.


Nunca entendi o árduo ódio dos fãs a MGS2 e ao Raiden. Tempos depois, terminei o jogo, daí joguei o primeiro. Bom, na verdade durante essa era metal gear, eu e meus amigos viramos algumas noites zerando MGS 1 e 2. Compreendendo toda a historia, aproveitando cada momento de tensão, e cada momento cômico. Meus amigos haviam jogado antes MGS1, e não gostaram do tal Raiden. Mas ele não foi criado para ser gostado, Ele é apenas um avatar vazio. O Snake sim é carismático, daí da pra entender os revoltosos. Mas a questão é que gostando ou não, MGS2 só poderia ser do jeito que foi com ele. Se jogássemos com o Snake já saberíamos de tudo, já que dessa vez Snake e Otakon são quase “autonomos” e não tem ninguém acima mandando ou enrustindo informações.
     


       Claro, que depois de terminado o jogo, jogando pelo prisma de alguém que estava completamente por fora da situação, quem não quis jogar de novo só que agora jogar a parte do Snake? Jogar uma versão não qual você já vai sabendo mais das paradas, passando por situações que são apenas mencionadas naquele jogo. Como a luta do Snake com o Ninja, e sua luta final contra a “Não Style”(apelido carinhoso que demos a Fortune). Quando anunciaram o SUBSTANCE, e falavam de um modo Snake tales, achei que se tratava disso. A expectativa cresceu, ansiedade, e no fim, nada disso, decepção. Foi só o que faltou no substance. Não jogar a parte do snake no MGS2, deixou um grande vazio no meu peito, e um “Q” de quero mais.

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