terça-feira, 5 de novembro de 2013

Por que o ódio do Batman?



O clima ficou tenso quando a Rocksteady passou a bola do desenvolvimento do “próximo jogo da franquia Arkham” para a WB Games. Muitos olhares tortos e sobrancelhas levantadas. No decorrer da produção desse jogo comecei a entender o que eles estavam fazendo. Utilizando a estratégia da Ubisoft de “ordenhar” uma franquia ao máximo. A WB Games, distribuidora(publisher) colocou seu recém criado estúdio próprio de desenvolvimento para trabalhar em um jogo praticamente pronto, todo pautado nas mecânicas do anterior com poucas alterações, Enquanto a Rocksteady já se ocupava de trabalhar na verdadeira continuação, o Batman da próxima geração. Muito esperto. E devo dizer, não sou contra isso. Muitas vezes uma continuação demora em torno de 3 anos pra ficar pronta, se esse tipo de manobra traz um novo jogo em 1 ano, mesmo que ele não tenha um avanço significativo com relação ao anterior, se o jogo já era bom, é válido. Então eu realmente não criei grandes espectativas pra esse jogo. Esperava que fosse apenas mais do mesmo. Porem Arkham Origins me surpreendeu positivamente. Fiquei até indignado em ver tantos reviews negativos por aí. Como um jogo que melhora pouco, mas melhora, em cima de um jogo que foi considerado jogo do ano, pode receber notas ruins? 


Bom, vamos finalmente entrar no mérito da coisa. Origins é mais do mesmo. É delicioso voltar a “ser” o Batman, revisitar essa sensação, esse mundo e personagens ricos. Mas o que o Origins trás de novidade boa? Em cima de um sistema de combate que virou referência ele conseguiu com uma adição simples trazer uma profundidade que revitaliza o jogo. Os adversários ninjas que agora podem fazer counter no Batman. Parece uma besteirinha, mas adiciona uma pimentinha que faz diferença. Quem jogou os anteriores sabe como ser fantástico sendo o Batman. Os primeiros adversários são nocauteados sem problemas no jogo. É tão fácil que vc até pensa.. “puts de novo isso? será que vou ficar entretido fazendo de novo algo que já fiz tanto nos anteriores?” E quando aparecem esses inimigos que trazem essa nova mecânica é um sopro de vida no jogo que revitaliza o seu interesse. Adversários melhores que você precisa superar. Outra pequena mudança que achei que coopera para um refinamento do combate é o fato de você agora precisar apertar o counter duas vezes se dois inimigos estiverem te atacando simultaneamente. Isso é bom pois coloca você, jogador, mais no comando, deixando a coisa menos no automático.


Além disso a premissa simplória da trama faz parecer bobo o enredo, porém o desenrolar vai te puxando, não deixando nada a desejar em comparação aos anteriores. Novos Vilões vão surgindo em um ritmo bom, trazendo variedade e mais coisas pra fazer. Também é interessante ver a progressão de certos personagens secundários na franquia, como por exemplo a Barbara Gordon e o Charada, que ainda nem tinha esse “apelido” e tem puzzles muito simplórios comparados ao Arkham City. 


E para finalizar no lado positivo da balança a revisão visual do design do jogo. Eu nunca curti o estilo dos Arkham anteriores. Eu e meus amigos inclusive chamávamos de Gears of Batman por conta do tipo físico semelhante, Batman cabecinha, bíceps maior que a cabeça. Consegui curtir os jogos APESAR disso. Porém no Origins isso foi “corrigido”. A mudança no visual do jogo foi um dos fatores que mais me empolgou pra retornar a franquia. Curti MUITO esse novo Batman, pra começar pela proporção correta! A cara dele melhorou! Eu achava a cara dele meio de bunda nos anteriores. A armadura ficou muito foda e faz muito mais sentido parecer uma armadura com volume. Não aguentava o fato de quando a roupa dele rasgava logo abaixo da roupa ter a pele dele como se fosse collant mesmo. Enfim, não só ele melhorou, outros personagens também tiveram redesigns muito bacanas. Deathstroke, KillerCroc, Joker, todos estão muito estilosos. Outras pequenas mudanças também contribuem pra umas experiência mais agradável, como por exemplo a “pose” que ele faz quando você aperta o botão de contra-ataque, parece uma pose marcial de defesa mesmo mais do que a pose ridícula dos antigos. 


Mas Origins não é só flores. Uma das pioras no jogo está relacionado também ao combate. Com a adição de pequenas mudança que colocam o controle do batman mais na sua mão, também vem problemas de imprecisão. Enquanto no anterior um único botão apertado fazia você dar counter em até três inimigos, nesse é preciso sempre apertar o botão. O que pode não ser preciso as vezes. Você também tem que mirar melhor seus golpes, se o Batman ainda não tiver entrado no free flow é possível que você perca o combo por dar um golpe no ar em ninguém, enquanto vc achava que ele deveria ter dado aquele pulão e acertado um cara mais distante. Dentre essas pequenas falhas de precisão temos as quickfire gadgets errando alvo, bat-claw que não pega em ninguém, o que é ruim por um lado, pois não basta só apertar o comando, mas bom pois te dá mais controle, você precisa direcionar os ataques, embora não seja sempre preciso o controle. A cidade do jogo também cresceu, agora é o dobro de antes. É de um bom tamanho, mas quando você se pega comparando com outros jogos de mundo aberto recentes como AC4 e GTA5 o Batman é ridículo de ínfimo. Porém não senti necessidade alguma de que ela fosse maior.


Mas ainda relacionado ao combate outro problema se encontra no nível de dificuldade desbalanceado. Como mandei bem nos anteriores, comecei o Origins no HARD. Também notei nas opções que desligar os prompts de counter agora era uma opção aparte, diferente dos anteriores que era parte do modo hard desligar os prompts. A questão é que em pouco tempo me senti um Batman deficiente! Não estava mandando bem, mas fui insistindo até o primeiro chefe que se provou IMPOSSÍVEL de passar! nesse tempo jogando no hard pude analisar o que me foi desgostoso nesse modo, por que sentia que havia alguma coisa de errado. O fato é que no hard, os inimigos parecem mais rápidos, ou o Batman mais lento, e os golpes deles parecem ter prioridade sobre os seus. Isso pode ser decorrente de outra coisa que percebi. Parece que nesse modo toda a animação dos seus movimentos precisa ser completada. 


Ou seja, todos os seus movimentos precisam não só ser muito precisos mas também muito bem planejados com muita antecedência! Se no normal você da 3 socos em um inimigo e outro ta vindo por trás, vc faz o counter após o terceiro soco no último instante, fazendo quase que o final da animação do soco e do início do counter se sobrepujarem, já no hard você não é tão rápido e a animação do ultimo soco não vai ser sobreposta pelo counter, a animação vai até o fim e qdo o Batman estiver se movendo para o counter será tarde demais e você terá levado o golpe. Então no hard ao ver um inimigo se aproximando por trás, você não da um combo de 3 golpes em outro cara, você vai dar 1 só e já se preparar para o counter, quem sabe, com muita ousadia arriscar 2 golpes. Enfim, a questão é que essa lerdeza torna o combate IMPOSSÍVEL quando surgem multiplos inimigos e um deles é grande, que era o caso do primeiro chefe. Enfim comecei de novo no normal com os prompts desligados. É uma dificuldade justa. Voltei a ser incrível com o Batman. 



Um detalhe a parte, a luta contra o Deathstroke sem prompt foi extremamente tensa, desafiadora e deliciosa de se jogar e extremamente satisfatória ao se vencer. Só acho uma pena que o MELHOR tenha sido posto tão no início do jogo. E por fim vou apenas colocar minha indignação com os reviews ruins, pois esse jogo fez mais pela franquia Arkham do que qualquer continuação de Assassins Creed fez pelo seu combate! Em 6 jogos AC nunca teve uma mudança significativa no combate como Arkham Origins. Tenho dito! E fica a dica aí pro próximo AC ter essa mecânica de counter de counters que vale a pena copiar!

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